Autorama (23/11/2020)

Nasci em uma cidade pequena,

com oportunidades pequenas,

pessoas pequenas

e horizontes pequenos.


Como nunca me vi grande,

daqui não desejei sair.


Quando tentei crescer com esse lugar,

me vi pequeno

em importância,

em capacidade,

em visão de mundo.


E fiquei imóvel

nesse campo pequeno,

que, ao que parece,

gosta da sua pequenez.


(Acho que me habituei à minha.)

O mal (20/11/2020)

O mal que há em mim

sorrateiro surge.

Repentina fúria,

demoníaca possessão,

que fere, destrói

e desconsidera.


O mal que há em mim

ignora

o meu ser,

embrulha

os meus sentimentos

e anula

a minha consciência.


O mal que há em mim

precisa ser domado

antes que me domine.