Coragem (03/06/2025)

Cada um com seus problemas –
e todo mundo os tem.
Cada um com seus dilemas –
e ninguém passa sem.

Frustrações pra cada um –
e alegrias de curto prazo.
Emoções pra qualquer um –
e sangrias por mero acaso.

De extremos a vida é feita,
equilibrando-se a gente vive.
Devagar a vida se ajeita,
respire fundo e a coragem ative.

Sobrevida (01/06/2025)

Minha sobrevida terminou
na brevidade de um sorriso.
Minha vida, então, voltou
a me matar sem sobreaviso.

As tarefas cretinas
consumiram-me a mente,
e a cinzenta rotina
engoliu-me novamente.

A paz que tanto tento ter
foi esquartejada pelos demais,
e o capaz que tanto tento ser
foi podado por apelos demais.

***

Sou incapaz de voar
enquanto meus demônios
me fizerem implorar
pelo fim dos infortúnios.

Diário (24/05/2025)

Eu sou um livro aberto,
você é um diário.
Eu sou chave-mestra,
você é um cadeado.

Você me abraça,
mas me sufoca.
Você me acolhe,
mas me aprisiona.

Preciso de você.
Preciso me ver livre…
de você.

Que eu acorde
deste sonho
de nós dois.

Contrapontos (15/05/2025)

Tu és beleza pura

e eu sou só feiura.


Tu és obstinada

e eu sou só um nada.


Tu és puro brilho

e eu sou maltrapilho.


Tu és bela canção

e eu sou exceção.


Não sei o que te atrai,

nem mais ninguém,

para este alguém

que só te trai.

Poema é como… poema (01/05/2025)

Poema é como piada:

quando se explica,

perde a graça.


Poema é como mágica:

quando se pratica,

enche de graça.


Poema é como cura:

quando se aplica,

toda dor passa.


Poema é como reza:

quando se suplica,

todo mal passa.

Canceriano (29/04/2025)

Dentro da minha concha,
cabem poucas pessoas.
Dentro da minha concha,
poucas coisas cabem.

Dentro da minha concha,
só eu e o essencial.
Dentro da minha concha,
só eu e o meu ideal.

Sempre carrego comigo
meu mini modesto lugar.
Sempre carrego comigo
meu mundo, meu honesto lar.

O mundo invade o meu canto,
meu canto me salva do mundo.
Todos invadem essa solidão,
minha mais fiel companheira.

Coisas antigas (27/04/2025)

As coisas não são antigas

Até que você as conheça.

Aquilo que lhe é inédito

É a real novidade.


As coisas não são antigas

Até que você as feneça.

Por isso, sempre dê crédito

Àquilo que tem qualidade.


As coisas não são antigas

Enquanto as tem na cabeça.

Aquilo que está no recôndito

É o que traz felicidade.

Mais eu me apaixono (26/04/2025)

Estamos juntos há tempos milhares,
sempre juntos, para o que der e vier.
Quanto mais eu conheço outras mulheres,
mais eu me apaixono pela minha mulher.
 
Por mais que tenhamos diferentes humores,
cuidamos um do outro, para o que der e vier.
Quanto mais eu conheço outras mulheres,
mais eu me apaixono pela minha mulher.
 
A vida nos mostrou que, apesar de calores e amores,
sentimento é compreensão e doação, para o que der e vier.
 
Quanto mais eu conheço outras mulheres,
mais eu me apaixono pela minha mulher.

Nôzinho (23/04/2025)

Nôzinho come banana,
Nôzinho come melão.
Nôzinho vem fazer nana
pertinho do meu coração.

Nôzinho, gatinho sapeca.
Nôzinho, gatinho amado.
Agarra firme a peteca,
agarra o nó do calçado.

Nôzinho, floquinho de neve.
Nôzinho, bolinha de pelo.
Que o tempo nunca te leve,
escuta aqui o meu apelo.

Versos de varde (20/04/2025)

Eu adoro livros de bolso!  

Porque a minha casa é de bolso,  

a minha vida é de bolso...  


Mas...  

não adianta eu ficar aqui  

fazendo estes versos de varde.  


Aliás,  

nem existe "de varde".  

Li num livro  

que o correto é "debalde".  


Só que "debalde"  

não cabe neste poema.  

O balde enche demais  

e este poema é vazio.  


E, além do mais,  

o "de varde" é tão correto  

quanto a minha vida vazia.  


Estou cheio!