Restauração (28/01/2025)

Depois de tantos anos de convivência,

nosso romance tem perdido a efervescência.

Mas é possível perceber a sua potência

quando sinto a sua doída ausência.


Minhas reclamações, meu estado nervoso,

são sinais da mais pura insegurança.

Minhas reinações, meu andar ansioso,

é um volátil voltar a ser criança.


O nosso silêncio diz muito!

Diz o que não precisa ser dito.

Pois, se não há diálogo fortuito,

basta curtir o sentimento bendito.


Sinto-me hoje como seu pai,

ou seu irmão mais próximo;

talvez o seu melhor amigo –

mais do que o companheiro.


Pois, para todo o “ai”,

para a falta de dinheiro,

ou quando nada está ótimo,

você é o meu melhor abrigo.


Você, que nunca mais será uma estranha,

que está encravada nas minhas entranhas,

qual tesouro bem protegido,

no futuro e nos tempos idos.


Espero que haja calor depois do inverno,

que haja harmonia depois do inferno,

pois não há crise que para sempre dure

nem ferida que o tempo não cure.

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