Ninguém me ouve, acho que ninguém vê.
Isso é fruto de frustrante agonia.
Como eu seria se eu fosse você?
E me pergunto: “Tudo isso, por quê?”
Melhor seria ignorar com afasia
E de nada perguntar o porquê.
Tu és beleza pura
e eu sou só feiura.
Tu és obstinada
e eu sou só um nada.
Tu és puro brilho
e eu sou maltrapilho.
Tu és bela canção
e eu sou exceção.
Não sei o que te atrai,
nem mais ninguém,
para este alguém
que só te trai.
Eu sou pequeno.
E nunca serei grande,
ou normal…
Tenho medo de ir ao encontro dos outros.
Pode ser que eles não me enxerguem
e acabem pisando em mim.
Porém,
quando é inevitável me misturar,
vou de encontro aos demais.
Então,
parece que todos me veem,
todos me estranham,
e eu me sinto espaçoso.
Gostaria de não ser
assim como eu
sou.
Poema é como piada:
quando se explica,
perde a graça.
Poema é como mágica:
quando se pratica,
enche de graça.
Poema é como cura:
quando se aplica,
toda dor passa.
Poema é como reza:
quando se suplica,
todo mal passa.