Melhor seria (em algum instante de 2022 – 07/06/2025)

Estou ligado em outra sintonia.
Ninguém me ouve, acho que ninguém vê.
Isso é fruto de frustrante agonia.
Como eu seria se eu fosse você?

Vivo os meus dias em constante apatia
E me pergunto: “Tudo isso, por quê?”
Melhor seria ignorar com afasia
E de nada perguntar o porquê.

Anjos (06/09/2019)

Os amigos são anjos
Que nos ajudam a suportar
As diferentes fases da vida.

Nem sempre são os mesmos,
Mas sempre têm a mesma função.

E, mesmo que se afastem de nós,
Nunca se afastam do coração.

Motivo (22/05/2019 – 07/06/2025)

Sabem por que
eu escrevo?
Porque o homem,
inevitavelmente,
produz lixo.

Ou luxo, Augusto?
Aí eu me espicho,
me estrebucho
e levo um susto.

E eis a arte…
que, com seus feitos,
atinge o peito
de qualquer sujeito.

Ou não.
Causa, se não,
incomodação.

O dia especial (19/07/2018 – 07/06/2025)

O dia especial
não precisa ser
o dia de seu 
nascimento,
o dia de seu
casamento,
o dia de um
aprimoramento,
o dia de um
grande aumento,
o dia D!

O dia especial
não é agendado,
não é aguardado,
não é planejado,
não é preparado.

O dia especial
vem sem aviso prévio,
vem sem fazer mistério –
é um dia banal,
a qualquer outro igual.

No dia especial,
tudo dá certo,
a paz está perto,
o tempo é incerto,
não há nenhum aperto.

O dia especial
é ocasional.
É um dia (a)normal
que a valer a pena
a vida condena.

Coragem (03/06/2025)

Cada um com seus problemas –
e todo mundo os tem.
Cada um com seus dilemas –
e ninguém passa sem.

Frustrações pra cada um –
e alegrias de curto prazo.
Emoções pra qualquer um –
e sangrias por mero acaso.

De extremos a vida é feita,
equilibrando-se a gente vive.
Devagar a vida se ajeita,
respire fundo e a coragem ative.

Sobrevida (01/06/2025)

Minha sobrevida terminou
na brevidade de um sorriso.
Minha vida, então, voltou
a me matar sem sobreaviso.

As tarefas cretinas
consumiram-me a mente,
e a cinzenta rotina
engoliu-me novamente.

A paz que tanto tento ter
foi esquartejada pelos demais,
e o capaz que tanto tento ser
foi podado por apelos demais.

***

Sou incapaz de voar
enquanto meus demônios
me fizerem implorar
pelo fim dos infortúnios.

Diário (24/05/2025)

Eu sou um livro aberto,
você é um diário.
Eu sou chave-mestra,
você é um cadeado.

Você me abraça,
mas me sufoca.
Você me acolhe,
mas me aprisiona.

Preciso de você.
Preciso me ver livre…
de você.

Que eu acorde
deste sonho
de nós dois.

Contrapontos (15/05/2025)

Tu és beleza pura

e eu sou só feiura.


Tu és obstinada

e eu sou só um nada.


Tu és puro brilho

e eu sou maltrapilho.


Tu és bela canção

e eu sou exceção.


Não sei o que te atrai,

nem mais ninguém,

para este alguém

que só te trai.

Pequeno (01/05/2025)

Eu sou pequeno.

E nunca serei grande,

ou normal…


Tenho medo de ir ao encontro dos outros.

Pode ser que eles não me enxerguem

e acabem pisando em mim.


Porém,

quando é inevitável me misturar,

vou de encontro aos demais.

Então,

parece que todos me veem,

todos me estranham,

e eu me sinto espaçoso.


Gostaria de não ser

assim como eu

sou.

Poema é como… poema (01/05/2025)

Poema é como piada:

quando se explica,

perde a graça.


Poema é como mágica:

quando se pratica,

enche de graça.


Poema é como cura:

quando se aplica,

toda dor passa.


Poema é como reza:

quando se suplica,

todo mal passa.